quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Resenha do Livro Um Estudo em Vermelho

A obra traz ao público o primeiro caso policial desvendado por Sherlock Holmes e como ele conheceu seu futuro parceiro, o médico John H. Watson. Watson é inclusive o narrador da história. O livro é dividido em duas partes, a primeira conta o encontro entre Holmes e Watson e também a apresentação de outros personagens, que estão interligados na solução de um crime. A grande surpresa é que ao final desta primeira parte já descobrimos quem é o assassino.  Já na segunda parte, o autor nos conta qual foi à motivação do crime, por meio de um narrador em terceira pessoa. Ambas as partes são bem distintas e fica aqui a dica para manter o foco, pois confesso que no início, perdi um pouco da minha linha de raciocínio. Após a releitura, é notável que esta segunda parte da história é fundamental para o final do livro.
A narrativa começa com a volta de Watson para Londres, após a sua baixa no exército inglês, no qual participara como médico e combatente. Por meio de um amigo em comum, Watson conhece Holmes. Após o encontro, ambos passam a morar juntos para dividirem as despesas. É a partir daí que Watson percebe a grande inteligência de Holmes. 
[...] “Com o passar das semanas, meu interesse por ele e minha curiosidade quanto a seus objetivos na vida foram se aprofundando e crescendo pouco a pouco”.
Com o passar dos dias, Watson vê que Holmes recebe várias visitas, de pessoas com classes sociais diferentes. A curiosidade falou mais alto e ao ser questionado sobre sua real profissão, leia a explicação de Holmes: 
[...] “Sou um detetive consultor, se é capaz de entender o que é isso. Aqui em Londres temos um punhado de detetives do Governo e detetives privados. Quando esses sujeitos se vêem numa enrascada, eles me procuram, e consigo pô los na pista certa”.
É a partir deste diálogo que compreendemos a lógica dedutiva de Holmes. Há nele um talento nato para resolver problemas e é por este talento que dois agentes da Scotland Yard, Lestrade e Gregson, o procuram para elucidar um curioso caso. Um homem foi encontrado morto numa casa abandonada. Apesar de haver muito sangue na cena do crime, o corpo não apresentava nenhum ferimento. O que também chama a atenção é a expressão de pavor do morto e a palavra "RACHE" escrita com sangue na parede.
Sherlock inspeciona cuidadosamente a cena do crime e faz novas descobertas. Ele encontra uma aliança de mulher ao lado do cadáver e afirma (isso mesmo, afirma sem titubear!) que o assassino é um homem com mais de 1,80 m de altura e que tem o rosto vermelho. Ele também descobre que o assassinato foi cometido com veneno e tratou-se de uma vingança, pois "RACHE" significa vingança em alemão.
Dando sequência a sua investigação, Holmes procura o policial Rance que foi quem encontrou o corpo. É através dele que se descobre que um homem, aparentemente bêbado, vai até a casa onde ocorreu o crime, porém é ignorado pelo policial. Holmes então deduz que este “falso bêbado” voltou, pois queria recuperar a aliança. Ele então decide colocar um anúncio no jornal de que foi encontrada uma aliança e que a mesma estava em posse do Dr. Watson. O proprietário deveria buscá-la no endereço de Watson.
Aparece então uma Senhora, alegando que a aliança pertence à filha dela. Desconfiado de que esta mulher é cúmplice do assassino, Sherlock segue a tal Senhora, mas é ludibriado por ela e a perde de vista. Há uma reviravolta na história com o assassinato de Joseph Stangerson, que era secretário da primeira vítima.
Novamente Sherlock é convocado para analisar a cena do crime e percebe que desta vez foi algo mais violento. A vítima levou uma punhalada e tinha sangue nos lençóis. Foram encontrados também dois comprimidos, no qual Holmes desconfiou de se tratar de veneno. Ele testa estes remédios em um cãozinho velho (que horror!) que acaba morrendo, confirmando sua teoria.
Sherlock soluciona o caso, mas prefere guardar segredo. Ele “arma” então um encontro com Lestrade e Gregson, além de contar com a presença de Watson. Com todos reunidos, Holmes chama então um cocheiro, para levar suas supostas malas. Ao chegar este cocheiro é surpreendido com o ataque dos homens, que o prendem, pois se trata do assassino. Ele não resiste à prisão e confessa seus pecados.
A partir daí a história que é contada traz novos personagens, que são fundamentais para a trama. Um homem chamado John Ferrier escapa da morte juntamente com sua filha, Lucy Ferrier. Eles são resgatados no meio de um deserto por um grupo religioso, que os acolhe e os convidam para fazer parte do grupo, desde que aceitassem a nova religião.
Após alguns anos Lucy torna-se adulta e se apaixona por um homem chamado Jefferson Hope, que não é da mesma religião. Como a seita religiosa é muito radical, seu namoro não é aceito pela comunidade. Ela deveria escolher entre dois pretendentes que faziam parte da comunidade, Enoch Drebber ou Joseph Stangerson. Inconformada com as regras, Lucy foge com seu pai para encontrar-se com Hope, seu grande amor. A fuga porém não é bem sucedida. Eles são encontrados e capturados. O pai de Lucy acaba morrendo e ela se casa a contragosto com Drebber.
Ao descobrir o que tinha acontecido, Hope vai até a comunidade para tentar resgatar Lucy. Após um mês de casamento, Lucy morre de tanta infelicidade e tristeza. Hope então jura vingança contra Drebber e Stangerson. Há um novo salto na história, trazendo-a novamente para o desfecho da prisão do cocheiro.
Nos dois últimos capítulos, o Dr. Watson volta a narrar a história. É apresentada a explicação de Sherlock Holmes acerca de como ele conseguiu saber a verdadeira identidade do assassino. O cocheiro é ninguém menos do que Hope, que perseguiu Drebber e Stangerson por anos, até conseguir matá-los. Ele tem então o seu julgamento marcado, mas acaba morrendo na prisão, pois sofria de um aneurisma. Os créditos da fantástica investigação vão para os policiais Lestrade e Gregson, mas Watson se comprometeu a registrar toda a trama em seu diário.

Minha opinião

É a primeira vez que leio um livro sobre Sherlock Holmes (vergonha!). Só tinha visto os filmes de 2009 e 2011 com o Robert Downey Jr. Doyle escreveu essa história no século XIX e fiquei surpresa com sua leitura fácil e objetiva. O que realmente me encantou foi a astúcia de Holmes. Através do método científico e da lógica dedutiva, conseguiu desvendar um crime aparentemente insolúvel, deixando a Scotland Yard “no chinelo”.
Nota: 💓💓💓💓💓

Curiosidades



  • Antes de ser publicado no anuário de Natal, "Um Estudo em Vermelho" foi recusado por três editoras. A primeira edição em formato de livro só seria lançada em Julho de 1.888.
  • O personagem de Holmes foi inspirado em Joseph Bell, que foi professor de Arthur Conan Doyle na Escola de Medicina.
  • No segundo capítulo do livro, Watson compara Sherlock com C. Auguste Dupin, que é um detetive fictício criado por Edgard Allan Poe. Dupin foi o precursor dos detetives da Literatura, incluindo Sherlock Holmes.





O Autor



Arthur Conan Doyle foi médico e escritor. Tornou-se famoso  por criar os personagens Sherlock Holmes e seu inseparável companheiro, Dr. Watson.  Suas obras contribuíram e muito para o campo da literatura criminal.
Em novembro de 1.887 publicou a primeira aventura de Sherlock, “Um Estudo em Vermelho”, no anuário londrino Beeton´s Christmas Annual de 1887, onde apresenta o personagem de grande inteligência, amante da música (ele toca violino) e conhecido pelo seu excesso de concentração em cada um de seus casos.
Desde então os contos e aventuras de Holmes e Watson nunca mais deixaram de ser publicados, e foram traduzidos para quase todas as línguas. É também muito representado nos palcos e nas telas do cinema. Com sua narrativa direta e a intensidade de seus diálogos, as tramas e mistérios de Sherlock Holmes sempre serão lidas e recomendadas com agrado.